Saímos com duas sacolas cheias de vasilhames. Eu estava ficando animado, pois estávamos chegando perto do bar. Para minha surpresa, ele passou direto, sem parar, parecendo não ter visto o bar.
Então perguntei: - Pai, você não vai comprar aqui?
E ele respondeu: - Vamos mais adiante.
Seguimos mais alguns metros e chegamos perto da padaria, que fica bem em frente a adega. Fiquei intrigado quando tranqüilamente ele seguiu em frente como se não tivesse visto nem uma nem outra.

Tornei a perguntar: - Pai, nós não vamos pegar os refrigerantes aqui?
Pacientemente, respondeu-me: - Só mais um pouquinho e nós vamos chegar ao mercado.
Confesso que estava ficando chateado e bravo, pois tínhamos passado por três lugares diferentes que vendiam guaraná e o meu pai quis andar mais só para comprá-los ali.
Ao entrarmos no mercadinho, Sr. Silva nos deu um sorriso muito gostoso e espontâneo. A primeira coisa que perguntou foi se a mamãe havia melhorado do resfriado.
Prestativamente foi pegando nossas sacolas e colocando nelas os refrigerantes. Meu pai quis saber notícias da mulher dele, dona Maria. Foi informado de que ela estava arrumando a casa e preparando o almoço, pois o domingo era o único dia da semana em que não trabalhavam o dia todo. Os dois conversaram mais um pouco e então pude observar a amizade e o carinho que respeitosamente tinham um pelo outro.
Ao despedirem-se, Sr. Silva fez um gesto carinhoso na minha cabeça, olhou-me com ternura e comentou com meu pai: - Como está bonito este garoto! Você deve ter muito orgulho dele!
Saímos do mercadinho e voltamos para casa. No caminho comecei a pensar e responder no lugar do meu pai à pergunta que eu mesmo havia lhe feito enquanto íamos. O preço daquele refrigerante era mais ou menos igual em qualquer um dos lugares, só que ali, naquele mercadinho, tanto eu quanto meu pai sentimo-nos reconhecidos como seres individuais, pessoas distintas e diferentes do mundo.
Naquele domingo aprendi uma lição especial; igual em conteúdo, em rótulo e em tampinha só mesmo o guaraná.
Eu sou alguém especial, tenho minha individualidade e devo valorizar-me por isso, fazendo a mesma coisa com as outras pessoas. Isto é muito legal e faz com que nos sintamos muito bem”.
A igreja de Jesus Cristo deve proporcionar o tipo de ambiente que faz as pessoas se sentirem valorizadas, bem vindas; que se sintam parte de uma família. O mundo de hoje oprime as pessoas, põe uma carga pesada sobre os nossos ombros, o que torna a vida uma luta diária. Quantas pessoas agora neste exato momento estão decididas a entregar os pontos e tirar a sua própria vida? Não se sentem amadas, não se sentem valorizadas, não se sentem capazes... Sentem que estão sozinhas!
Se estas pessoas não puderem sentir-se amadas na igreja, onde mais poderão se sentir? A Bíblia diz que Deus é amor. Se o servimos, nossas ações devem demonstrar amor aos outros, deve conduzir cada pessoa a se sentir especial, única...
Como pastor, eu quero desafiar a Igreja Missionária em São José dos Pinhais a ser uma igreja que ama; que faz as pessoas se sentirem amadas, valorizadas, aconchegadas, consoladas.
Pastor Francisco Marques
Nenhum comentário:
Postar um comentário